O que é?
É uma das principais causas de deficiência visual em crianças, e em parte dos casos é prevenível ou tratável. O cristalino e a córnea são lentes que focalizam as imagens na retina. A catarata decorre da perda de transparência do cristalino, dificultando a formação da imagem. Podem estar presente ao nascimento (cataratas congênitas) ou podem aparecer no primeiro ano de vida (cataratas infantis). As cataratas infantis apresentam melhor prognóstico visual por permitirem visão nos primeiros meses de vida, o período crítico do desenvolvimento visual.
É possível identificar a causa da catarata?
Sim. Devem ser investigados sorologias para infecções congênitas, teste do pezinho para detecção de alterações metabólicas, história familiar ou de consanguinidade e condições de gestação.
Quando devemos optar pela cirurgia?
O tratamento vai depender da localização e intensidade da opacificação, das alterações oculares associadas, do déficit visual ocasionado e da lateralidade da catarata.
As cataratas parciais podem apresentar acuidade visual razoável que não justifica os riscos da cirurgia. Nestes casos o uso de midriáticos, oclusão e óculos podem ser recomendados. Nas cataratas totais, ou parciais com baixa acentuada de visão, a cirurgia deve ser realizada ao redor do segundo/terceiro mês de vida.
Como é feita a cirurgia atualmente?
A cirurgia é bastante complexa e exige do cirurgião alta habilidade e conhecimento. Nas crianças menores é recomendado fazer a lensectomia e remoção parcial do vítreo. O implante de lente intraocular é controverso abaixo de 2 anos de vida. Nas crianças maiores, que irão receber o implante da lente, realizamos a facectomia extra capsular e a vitrectomia parcial. Utilizamos a anestesia geral e a internação é de um dia na maior parte dos casos.
Como é o pós-operatório?
O retorno da visão é gradativo e variável conforme cada criança. Durante o período pós-operatório inicial serão prescritos colírios e medicações orais com antibióticos e anti-inflamatórios para prevenir infecções e reduzir o processo inflamatório facilitando a cicatrização.
Podem surgir complicações como o glaucoma ou opacidades secundárias em eixo visual que devem ser prontamente tratados e em alguns casos com nova cirurgia. No pós operatório tardio a criança deve fazer estimulação visual e combater a ambliopia.
A remoção do cristalino gera uma alta hipermetropia que será corrigida com a prescrição de óculos ou lente de contato nas crianças menores de 2 anos. Crianças operadas mais tardiamente podem receber o implante de lente intraocular na cirurgia primária.
Em alguns casos a acuidade visual final obtida é baixa, fazendo-se necessária a reabilitação visual, estimulação visual precoce e uso de auxílios ópticos (telelupas e lupas manuais) na fase escolar. As cirurgias realizadas precocemente apresentam melhores resultados que as realizadas mais tardiamente.
A catarata pode voltar ?
A cápsula do cristalino pode se tornar opaca e as membranas inflamatórias podem opacificar o eixo visual e prejudicar a visão. Neste caso pode ser necessária novas intervenções.
Existe possibilidade de complicações?
Os pais e familiares devem ser orientados desde o início do tratamento da criança com catarata congênita, que trata-se de um tratamento longo, com possibilidades de complicações e alto índice de reoperações, que exige comparecimento do paciente nos seguimentos, para diagnóstico e tratamento das complicações. A reabilitação visual e inclusão nas tarefas diárias, escola e sociedade é o objetivo de todo o tratamento da criança.